Beato José de Anchieta

Veio ao Brasil em 1553, enfrentando as dificuldades do início da colonização junto com seus companheiros jesuítas. Na sua morte foi aclamado como o Taumaturgo e Apóstolo do Brasil!...


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- Venerável Padre José Marchetti

Venerável José Marchetti

(٭3/out/1869 - 14/dez/1896)

 

sacerdote e religioso scalabriniano

e co-fundador das missionárias scalabrininas

 

Giuseppe, ou José, é o segundo dos onze filhos de Ângelo Marchetti e Carolina Ghilarducci. Nasceu em Lombricci de Camaiore, província de Lucca, Itália, aos 3 de outubro de 1869. Nasceu e cresceu em uma família simples e pobre. Eram moleiros, isto é, dependiam do trabalho em um moinho para o sustento e a moradia. José, vivendo na experiência da pobreza e do abandono em Deus, tinha predileção pela leitura do famoso livro “A Imitação de Cristo”, que carregava sempre consigo, junto com o livro dos Salmos. A imitação de Cristo e as palavras de louvor e a gratidão a Deus nortearam sua vida, e era conhecido por repetir sempre “Deo Gratias”, Graças a Deus. A Deus atribuía o mérito de todas as suas conquistas.

Foi ordenado sacerdote no dia 03 de abril de 1892, com apenas 22 anos. Em Compignano e Balbano, primeiras comunidades em que atuou, partilhava tudo o que tinha com seus paroquianos, não somente sua presença e solidariedade, mas até mesmo seus poucos objetos pessoais. Chegou a morar no cemitério para entregar a casa paroquial a uma família reduzida à miséria, e em certa ocasião viram que pintava as canelas de carvão para que ninguém percebesse que havia dado suas meias aos velhinhos pobres da comunidade no inverno.

Aceitou o convite do Beato João Batista Scalabrini, bispo fundador da Congregação dos Missionários de São Carlos, destinada aos cuidados dos imigrantes, e partiu para São Paulo, no Brasil. Ele mesmo havia partilhado com seus paroquianos esse drama, pois muitos haviam emigrado para as Américas. Em outubro e dezembro de 1894 realizou duas viagens ao Brasil, como capelão de bordo, acompanhando os imigrantes. Na sua segunda viagem ao Brasil, no navio Júlio César, antes de morrer, uma mãe confiou aos seus cuidados uma criança de poucos meses de vida. Pe. José conscientizou-se de que a missão junto aos imigrantes precisava  criar raízes, e oferecesse obras que atendessem suas necessidades religiosas, trabalhistas, educacionais e sanitárias. Deu, assim, novo rosto a obra scalabriniana, estabeleceu-se em São Paulo e decidiu construir ali o Orfanato Cristóvão Colombo, coração e sede da missão scalabriniana nesse estado.

Quando chegou ao Brasil, teve que enfrentar o ambiente hostil entre governo e Igreja, pois o país havia se tornado República a pouco tempo, e também conviver com as dificuldades de relacionamento com os padres do país. Sereno, durante dois anos desenvolveu intensa atividade missionária em São Paulo e regiões circunvizinhas, onde realizou inúmeras obras. Os italianos conservavam a religião com respeito, e o pároco era figura de grande influência na comunidade, não só para assuntos religiosos, mas de ordem geral. Pe. Marchetti se tornou rapidamente o protetor e dinamizador do bem estar dos imigrantes.

Após iniciar a construção do orfanato em 1895, retornou à Itália, onde proferiu os votos religiosos junto a Dom Scalabrini, em 25 de outubro, em Piacenza. Junto a Dom Scalabrini, torna-se o co-fundador da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu, e volta dias depois ao Brasil trazendo as primeiras quatro irmãs: sua mãe, sua irmã e mais duas vocacionadas. Como líder natural deste grupo emergiria sua irmã, a Beata Assunta Marchetti. Em apenas 9 meses erguia-se o grande prédio do orfanato no Ipiranga, e era iniciado o orfanato para meninas na Vila Prudente. Impulsionou também a construção do Hospital Humberto I (depois Matarazzo)[1]. Enquanto isso, visitava fazendas do interior, exercendo o ministério sacerdotal, recolhendo órfãos e auxílios para as obras.

Para um padre jovem, estrangeiro, recém chegado, foi admirável o destaque que a imprensa lhe deu na época. Todos, até os mais céticos, admiravam a sua pessoa, se encantavam com a firmeza de propósitos, seu ideal missionário e sua paixão pela causa de Cristo. Percebia-se nele, de imediato, um homem de oração, de recolhimento, de ação, de sacrifício. Sua presença humilde encantava e falava de Deus. Sem dúvida, Padre Marchetti teria mudado o rosto da imigração em São Paulo se mais tempo tivesse vivido. Não foi à toa que foi admirado por sua capacidade singular em achar soluções para problemas difíceis, por sua criatividade apostólica e, em tempos de poucos recursos, sua eficiência em transformar em obras concretas sonhos que talvez nunca sairiam do papel.

No dia três de outubro de 1896, seu aniversário, Pe. José fez também os votos de caridade e de vítima do próximo:

 

“Sinto-me impulsionado a meu sacrificar ainda mais, jurando perpetuamente e com voto que eu serei sempre vítima do meu próximo por Vosso Amor. Assim, pelo voto de Caridade em tudo anteporei meu próximo a mim mesmo, aos meus prazeres, à minha saúde, à minha vida. Pelo voto de não perder mais de um quarto de hora em vão, consagro a Vós e ao meu próximo toda a força física e moral do meu ser”[2].

 

Deus o inspirou e ajudou a ser fiel até o fim: neste mesmo mês contraiu o tifo salvando um órfãozinho retirado dos braços da mãe já morta por essa doença. Consumido pela febre e pelo amor, morreu aos 27 anos, a 14 de dezembro de 1896.  Ao passar pela enfermidade e morte em tenra idade, consumou sua oferenda. Pai dos órfãos e dos mais fracos, seu exemplo de caridade e de vítima do próximo nos chama à conversão e ao retorno a Cristo.

 

Oração

Senhor, nós vos louvamos e agradecemos

por terdes chamado Pe. José Marchetti a ser apóstolo dos migrantes e pai de seus órfãos.

Respondendo com heroísmo, generosidade e zêlo apostólico ao vosso chamado, consagrou-se com os votos de caridade e de vítima do próximo por vosso amor e frutificou o dom de participação ao carisma scalabriniano.

Senhor, para vossa glória e bem da Igreja, dai-nos imitá-lo na entrega e doação total a serviço do migrante mais pobre e necessitado e glorificai Pe. José Marchetti, mártir das fadigas apostólicas, concedendo-nos a graça que pedimos mediante sua intercessão.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai

 

Dies natalis: 14 de dezembro

Restos Mortais: no Orfanato Cristóvão Colombo, bairro Ipiranga, São Paulo, SP

Causa de Canonização: sediada na Arquidiocese de São Paulo. Ator: Padres Missionários de São Carlos Borromeo – Scalabrinianos.

Abertura do processo informativo em 5/mai/2000 e encerramento em 28/nov/2001 (tendo então como vice-postuladora Ir. Blandina Felippelli); Decreto de Validade em 21/fev/2003; Decreto das Virtudes Heroicas em 8/julho/2016.

Relator: Frei Cristoforo Bove, ofmcap; postulador: Pe. Guilherme Bellinato; vice-postulador: Pe. Sisto Caccia.

Bibliografia sobre Pe. José Marchetti:

Mário FRANCESCONI. Como um relâmpago – Padre José Marchetti. São Paulo: Província Nossa Senhora Aparecida (Missionárias Scalabrinianas)

__________. Madre Assunta. São Paulo: Província Nossa Senhora Aparecida (Missionárias Scalabrinianas), 1974, 69 p.

SANTOS, Ir. Neuza Botelho dos. Autodoação segundo a Sagrada Escritura na vida de Padre José Marchetti. São Paulo: Cong. das Irmãs Missionárias de S. Carlos Borromeo, 1994

Ivo PRATI. Meditando com o Padre Marchetti.

MELO, Francisca Sônia de. Padre José Marchetti – Exemplo de amor a Deus e ao próximo. (Opúsculo de p.6; pedidos no endereço abaixo)

Para comunicar graças alcançadas  por intercessão de Pe. Marchetti:

Padres Missionários de São Carlos – Scalabrinianos

Província São Paulo

R. Huet Bacelar, 657

04205-000    Ipiranga -  São Paulo – SP

Tel.: (0xx11) 6163-2104

bellinato@scalabrini.org (postulador Pe. Guilherme Bellinato)

 

 

 

 

 

 



[1] Nesse hospital viveria, por 48 anos, Maria de Lourdes Guarda (B.89).

[2] Mário FRANCESCONI. Madre Assunta. p. 20

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